O envolvimento de uma advogada em um esquema de fraude financeira gera não apenas indignação, mas também preocupação sobre a confiança que a sociedade deposita em profissionais do direito. Tábata Miqueletti, que se apresentava como defensora de vítimas de golpes, agora é acusada de utilizar o próprio conhecimento jurídico para encobrir práticas fraudulentas e lesar seus próprios clientes.
A profissional oferecia promessas de recuperação de dinheiro perdido em fraudes, principalmente por meio de ações judiciais e estratégias legais que pareciam confiáveis. No entanto, os relatos mostram que ela direcionava seus clientes para aplicações em um fundo sem registro e sem retorno financeiro. Após as transferências, o contato era gradativamente cortado e nenhuma ação real era movida.
Esse tipo de crime ganha contornos ainda mais graves ao envolver uma advogada, pois há uma expectativa legítima de conduta ética e de proteção por parte desses profissionais. O que se viu no caso de Tábata foi a inversão desse papel: em vez de proteger, ela se aproveitou do desespero alheio para enriquecer com base na mentira.
As autoridades já reúnem provas e relatos de várias vítimas, sendo que algumas apontam prejuízos superiores a R$ 500 mil individualmente. A Polícia Civil e o Ministério Público acompanham o caso, que pode incluir acusações de estelionato agravado, lavagem de dinheiro e associação criminosa. Além disso, a Ordem dos Advogados do Brasil também foi acionada para avaliar a conduta da profissional.
Enquanto as investigações avançam, outras vítimas começam a surgir. A sensação de terem sido enganadas por alguém que deveria representá-las legalmente causa indignação e revolta. Muitos relatam que só perceberam o golpe ao tentarem acessar informações sobre o fundo investido e se depararem com a inexistência da empresa.
A figura pública construída por Tábata nas redes sociais teve papel determinante na captação das vítimas. Ela compartilhava conteúdos sobre fraudes financeiras, usava uma linguagem técnica acessível e demonstrava empatia com casos parecidos. Essa estratégia gerava identificação com o público, criando um elo emocional que facilitava a manipulação.
Do ponto de vista social, esse caso evidencia a necessidade de mais rigor na fiscalização da atuação de advogados que utilizam as redes como plataforma de captação de clientes. Além disso, demonstra como a confiança pública pode ser usada como arma por quem detém algum tipo de autoridade. A fronteira entre influência e crime se mostrou tênue neste episódio.
O caso de Tábata Miqueletti não é apenas sobre dinheiro perdido, mas sobre o colapso de uma confiança fundamental. A expectativa é que a responsabilização ocorra de forma exemplar, para reforçar os valores éticos da advocacia e evitar que situações semelhantes voltem a acontecer. A justiça precisa não apenas punir, mas restaurar a fé das vítimas em um sistema que deveria protegê-las.
Autor : Maxim Smirnov
Referencias : https://f5.folha.uol.com.br/voceviu/2025/05/advogada-especialista-em-golpes-influenciadora-e-acusada-de-lesar-clientes-em-mais-de-r-3-mi.shtml