Babá agredida diz que não teve chance de defesa: ‘Me sinto humilhada’

Ernesto Matalon
Ernesto Matalon
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A babá Cláudia Gonzaga Lima, agredida por dois moradores do condomínio onde trabalha em Manaus, afirmou que não teve chance de defesa e que se sente “humilhada”. O caso ocorreu no dia 18 de agosto, e a declaração foi dada ao Fantástico, da TV Globo.

“Eu só senti quando ela me empurrou. Quando eu me virei, eu já fui apanhando literalmente, né? Ela já foi me batendo, me dando socos. Eu não tive nem chance de defesa. Eu me sinto humilhada, é assim que eu me sinto, diz ao relembrar das cenas.”
Cláudia Gonzaga Lima, babá

O que aconteceu

Cláudia contou que foi empurrada e levou socos no momento em que estava indo embora, ao fim do expediente em um condomínio localizado no bairro Ponta Negra, na semana passada.

Os agressores, a professora de educação física Jussana Machado e o marido dela, o policial civil Raimundo Nonato, estão presos.

Tiro feriu o patrão da babá. Câmeras de segurança do condomínio flagraram Jussana agredindo Cláudia de Lima com socos e puxões de cabelo. Ao tentar separar as duas, o advogado Ygor Colares foi alvo de um disparo de arma de fogo. O tiro acertou o chão, e os estilhaços atingiram a sua perna.

Outros vídeos divulgados nas redes sociais mostram o policial civil falando para a esposa “bater na cabeça” e “quebrar a cara” da babá. Cláudia consegue se levantar e diz que “ninguém ajuda”.

Advogado já havia prestado queixa

Cláudia Lima é babá do filho de dois anos do advogado Colares, vizinho do casal agressor. Ao Fantástico, ele contou, que antes da agressão, outros dois episódios já haviam ocorrido entre o casal e a babá no condomínio.

Colares chegou a registrar um boletim de ocorrência por ameaça, injúria e ofensas contra a babá. “O Nonato e a Jussana me procuraram semanas antes de todo esse ocorrido, alegando que a Cláudia estava fazendo fofoca sobre eles no condomínio. A Cláudia negou veementemente qualquer ato de fofoca, e eles ficaram irritados. Eles gostariam que eu demitisse a Cláudia”, disse o advogado.

Sobre o dia das agressões, ele disse que não sabe o que teria acontecido com a babá se não tivesse aparecido no local. “Eu me senti na obrigação de defender a Claudia naquele momento, mesmo sabendo que ele podia estar armado ali. Eu diria que foi o pior momento da minha vida”.

Preconceito contra a profissional. Para o advogado de Ygor e Cláudia, Josemar Berçot, a hipótese é que as agressões ocorreram por discriminação contra a babá pela condição socioeconômica dela.

O que diz a defesa

A defesa dos agressores negou que a motivação das agressões tenha sido por preconceito e afirma que o tiro não foi proposital.

“O motivo dos fatos não tem nada a ver com discriminação. Foi a respeito dessa confusão que já havia entre as duas. A violência, nesse caso, ela é injustificável, não tem justificativa para a forma como eles agiram. Mas o disparo foi acidental.”
Arthur da Costa Ponte, advogado de Raimundo e Jussana, ao Fantástico

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